quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Seu nome é Nick Vujicic.

Agora já são quase 3 da matina, e eu estou aqui no pc assistindo alguns videos de um cara chamado Nick Vujicic, um australiano de 23 anos(hoje deve ter pouco mais que isso), já formato na faculdade, e com uma história de vida tocante. Nessa noite, navegando pelo Twitter, vi uma postagem do Erwan( pra quem não conhece, Erwan é um profundo conhecedor do Método Natural de educação física, desenvolvido George Herbert) trazendo um link de um vídeo do Nick. Então cliquei e comecei a assistir, um vídeo após o outro, podendo assim ter a oportunidade de conhecer um pouco da história desse cara.

Quem leu minha postagem anterior sabe que eu mencionei sobre minha gratidão que tenho a Deus por hoje eu ter dois braços, duas pernas, ser uma pessoa saudável. Bom, o fato é que esse cara, o Nick, não possui nenhum dos 4 membros, ele nasceu assim. Mas não se engane se pensa que ele é um cara infeliz, muito pelo contrario, pelo que percebi ele anda tocando o coração de muita gente com sua história de vida. Pude reparar que ele é tão grato a Deus por ser quem ele é, que isso o torna um gigante, alguém excepcional, assim como todos nós podemos ser, se quisermos ser.

Mas eu fiquei aqui me perguntando por instante algo que as vezes reflito: Porque existem pessoas que tem tantas condições para serem felizes e se desenvolverem no que fazem, mas não fazem isso? Então me aparece um cara desses como o Nick, com menos condições físicas que maioria das pessoas, porém mais completo e feliz que a maioria delas. “Pedro, mas o que isso tem a ver com Parkour?”. Na verdade não tem só a ver com o Parkour, mas tem a ver com a vida no geral.

Para que ter dois braços, duas pernas, pular alto, escalar rápido, se não temos um propósito real dentro de nós, se somos vazios por dentro, se desistimos de algo só porque somos gordos demais, ou magros demais, ou velhos demais, ou desengonçados demais? Se porque temos uma lesão ou uma doença difícil de ser curada, ou até mesmo incurável? Mesmo que todos nós sejamos diferentes uns dos outros, todos nós temos a mesma capacidade de sermos gigantes aqui na terra, fazermos grandes realizações, sermos pessoas que vencem no final, mesmo caindo 1 vez, 2 vezes, 3 vezes, 1000 vezes, a quantidade não importa, mas sim o fato de levantar e tentar novamente. Basta ter fé, e saber encontrar o que todos temos escondidos dentro de nós, o verdadeiro propósito de estarmos vivos. A história de Nick é uma prova não há desculpa para apenas assistirmos a vida passar sem fazermos nada, deixando de desenvolver o que Deus nos deu em mãos, a vida.

Vou deixar aqui o vídeo que o Erwan postou, mas é fácil encontrar também no Youtube muitos outros vídeos diferentes em relação ao Nick Vujicic, para que quiser saber mais sobre ele.



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Viagem para a Chapada dos Veadeiros, para nunca esquecer.

Ainda me lembro desse dia como se fosse hoje, e creio que lembrarei por muito tempo ainda. Já fazem 2 meses do dia em que falhei no Parkour, mas também do dia em que renasci. Talvez só agora depois desse tempo todo eu me sinta mais confortável para relatar isso aqui no blog, pois durante esse tempo eu estive descobrindo o quanto eu mudei, o quanto minha forma de ver o Parkour e as coisas a minha volta mudou. Porém ainda não estou inteiramente ciente do grau dessa mudança, a cada dia descubro um pouco mais. Desde quando conheci o Parkour e comecei a praticá-lo, soube então que essa seria a atividade que eu gostaria de estar engajado e praticando pelo resto da minha vida. Ainda continuo sim com essa idéia, mas estou preferindo viver um dia de cada vez, pois nunca sabemos o que a vida vai nos aprontar, não é mesmo? E realmente, pode-se afirmar que ela aprontou comigo a 2 meses atrás, mas a prefiro dizer que foi um puxão de orelha que Deus me deu, daqueles bem dados.

Era uma sexta-feira quando partimos de Brasília em direção a Chapada dos Veadeiros, localizada no interior de Goiás. Apesar de ficar relativamente perto de Brasília(cerca de 200km), eu nunca havia visitado o local. Muita gente aqui em Brasília alimenta um preconceito com a chapada por ela ser bastante freqüentada por Hippies, e pessoas que fazem o uso constante de drogas. Eu mesmo, desde que me entendo por gente, sempre fui mantido dentro dessa idéia pelas pessoas ao meu redor. Na realidade, esse tipo de local realmente atrai muitas pessoas desse tipo, e quando cheguei lá pude confirmar isso. Porém, a beleza da região é algo único, existe um tipo de energia positiva lá, algo que não se encontra em qualquer lugar. São dezenas de lindas cachoeiras, riachos, kanions, imensos paredões rochosos enfeitados por cristais naturais da região, tudo isso escondido no meio do cerrado brasileiro. Em muitos desses locais a beleza se contrasta com o perigo, e não são raros os casos de gente que perde a vida por lá, e eu quase que entro pra essa lista.

Nessa viagem estavam juntos comigo o Gabriel (Vulgo “Bisão” do grupo Le Parkour Brasil), meu pai e sua namorada. A principio o Gabriel veio de São Paulo especialmente para conhecer a chapada, e eu iria junto para acompanhá-lo e conhecer o local também. Nosso amigo Pedro Thomas(Le Parkour Basil) também iria junto. Porém resolvi checar se meu pai teria disponibilidade de se juntar a nós, pois facilitaria muito no transporte, sendo que ele possui um Jipe pronto para esse tipo de aventura, e até então iríamos de ônibus. Acabou que deu certo, meu pai resolveu ir juntamente com sua namorada, mas já o Pedrinho acabou desistindo da viagem devido a alguns problemas pessoais. Chegamos lá na sexta à noite, só nos restando tempo para montar nossas barracas em um camping e ir jantar. Essa noite foi engraçada, pois pudemos conhecer dois Hippies que moram na região, são pessoas de boa índole, apesar da evidente estreita relação que eles tem com o misticismo e com as drogas também. Mas acabaram nos explicando um pouco sobre a região, e nos deram algumas dicas.

No sábado pela manha, acordamos cedo, tomamos um café da manhã na pousada em que meu pai e sua namorada estavam hospedados e partimos em direção a entrada do Parque. Chegando lá, nos juntamos a um guia que iria nos levar a principal cachoeira da região, mas para isso teríamos que percorrer uma longa triha de alguns Kilometros, de subidas e descidas. Trilha a dentro deu pra ter uma noção legal da riqueza do cerrado Brasileiro, o guia ia nos explicando sobre cada espécie de plantas e arvores que encontrávamos pela frente. Depois do trajeto quase todo percorrido, finalmente começamos a avista enormes paredões rochosos oque nos dava sinal de que as cachoeiras estavam perto. Pouco tempo depois avistamos a primeira cachoeira, onde tiramos algumas fotos e ficamos algum tempo contemplando a paisagem. Era uma cachoeira enorme, onde não iríamos chegar tão perto, pois segundo o guia ela era mais perigosa de ser visitada. Iríamos então de encontro a uma cachoeira menor, localizada um pouco antes da maior. Foi muito prazeroso quando chegamos finalmente até cachoeira onde poderíamos nos banhar.
Nem me lembro exatamente quanto tempo ficamos caminhando para chegar lá, mas sei que eu não queria mais sair de lá, ainda mais quando eu começava a pensar no extenso caminho de volta que teríamos que percorrer. Eu e o Bi demos algumas nadadas de uma margem até outra do poço, depois o Bi ficou tirando algumas foto da região enquanto eu colocava em prática um pouco do Parkour nas pedras, que por sinal formavam um belíssimo local para e treinar. Para treino de Parkour, esse só não era melhor
que o local onde iríamos visitar no domingo. Antes de irmos embora filmamos um salto de uma pedra para outra, que aparentemente parecia difícil, mas logo vimos que não necessitava de grande esforço. N caminhada de volta, decidimos que iríamos passar em um riacho para nos refrescar mais. Chegando la, ficamos algum tempo aproveitando verdadeiras hidromassagens naturais que o local nos proporcionava. O guia nos alertou para prestarmos atenção, pois o tempo estava chuvoso e poderia haver trombas d’água. Depois disso, a volta foi tranqüila, mas estávamos exaustos e famintos. Chegando ao povoado onde estávamos acampados, fomos direto a um restaurante local comer.

A noite foi chegando, eu e o Bi decidimos que iríamos jogar uma sinuca em um bar próximo antes de irmos dormir. Ficamos um pouco jogando, conhecemos algumas pessoas que também visitavam a chapada, e depois voltamos para o acampamento. Quando estávamos chegando em nossas barracas escutamos alguém nos gritar, pedindo socorro. Logo vimos que era um rapaz aparentando nossa idade, desesperado. Perguntamos o que tinha acontecido, e ele nos contou aos prantos que havia acabado de apanhar de um policial militar, isso porque o rapaz era militar. Bom, essa é uma outra longa história, mas o fato é que ele tinha feito besteira e então apanhou, e essa gente da região da chapada deve ser cansada de receber jovens que só vão pra lá para aprontar e fazer besteira. Mas me senti bem de ter ajudado rapaz a se recompor, ele estava realmente abalado e sozinho naquele local, pois os amigos o haviam abandonado. Quando ele se tranqüilizou, indicamos uma pousada pra ele dormir, para poder ir embora no outro dia para casa (Brasília). Depois disso fomos dormir.

No domingo, levantamos cedo para mais uma caminhada rumo a algum outro point natural da chapada. Decidimos que iríamos visitar uma região de kanions, e depois iríamos conhecer o chamado “vale-da-lua”. O legal que constatei na chapada, é que terei que voltar a mais algumas vezes pra conhecer tudo. Tem uma infinidade de locais legais para se visitar, que em um só final de semana não da nem pro cheiro. Na minha opinião, essa região de kanions que visitamos no domingo foi o local mais belo de todos os que passamos, literalmente a beleza entrava em contraste com o perigo a todo tempo. Chegando a região, passávamos a maior parte do trajeto em uma
trilha que passava rente a uma serie de precipícios. Eu e o Bi ensaiávamos alguns movimentos de Parkour e até arriscamos alguns movimentos em locais que ofereciam menos risco. Logo depois aproveitamos para nadar um pouco e nos refrescar no riacho que ficava entre os paredões. Depois disso fomos embora. Acho que não mencionei, mas na entrada desse local que fomos, existe um palco enorme e coberto, com varias arquibancadas entorno, e estruturas feitas de madeira. Segundo um morador do local, nos fins de ano o pessoal faz muita festa lá. Só pelo naipe do lugar eu fiquei aqui imaginando que nesses dias o local deve ficar encoberto durante dias por uma imensa nuvem de fumaça LOL. Na parte da tarde, finalmente chegamos para conhecer o famoso Vale-da-lua. Esse lugar é tão lindo quanto os outros, é uma região mais aberta, com uma infinidade pedras claras e abauladas por onde passa o riacho. O formato e a coloração dessas rochas é diferente de todas as outras de região, realmente aparentando ser uma região bem mística, tanto que lá ao lado existe uma comunidade fechada onde vivem pessoas excêntricas, alimentadas pelo misticismo. De todos os locais que passamos, com certeza esse foi o mais propicio ao Parkour, é um local que definitivamente chama o tracer para a ação. Só de pensar me da vontade de voltar lá para treinar, mesmo sendo lá onde quase perdi minha vida.

Bom, acho que já expliquei demais sobre a viagem, mas cheguei ao ponto que eu queria, o momento em que falhei no Parkour e quase parti dessa pra melhor. Foi justamente lá no Vale-da-lua, o ultimo local em que visitaríamos antes e ir embora. Andando sobre as rochas, dava pra ver que eram infinitas as opções de movimentação. Logo percebi que ali perto havia uma vala funda, de uns aproximados 3 metros de largura, a de 8 a 10 metros(não sei com exatidão) de altura, onde lá em baixo passava um riacho. Logo percebi que dava para saltar por cima dessa vala, saindo de uma rocha, e chegando até uma outra, o outro lado. Sem muito espaço em cima da rocha para ganhar velocidade, era um salto que exigia mais da explosão. Bom, eu não vi grandes empecilhos para o salto, tanto que do momento em que avistei ele para o momento em que saltei, foi um intervalo muito curto de tempo, nem pensei muito. O Bi perguntou se eu iria pular, eu falei que sim, então ele começou a filmar. Olhei por uns 3 segundos o obstáculo, dei uns 2 passos e saltei. Cheguei ao outro lado, o problema foi que não dei tudo de mim no salto, cheguei muito na ponta da pedra, e um dos meus pés acabou escorregando para trás. Nesse momento meu pensamento foi: fudeu, já era. Mas num piscar de olhos eu já estava no fundo da água. Comecei a nadar sem ainda entender o que havia acontecido. Olhei pra cima, observei cabeças aparecendo para observarem o que havia acontecido comigo, uma era a do Bi, e a outra era a do meu pai, ambos aflitos sem saber das minhas condições.Logo que me viram, perguntaram se eu estava bem, e eu falei que sim, estava tudo bem, que eu tinha caído na água apenas e não tinha me machucado, comecei então a nadar em direção a um local que era fácil de subir, para eu poder retornar a superfície. Antes disso olhei para os lados, e vi paredes e formações rochosas bem próximas de mim, bem próximas mesmo! Pude reparar que eu cai exatamente onde eu deveria cair para eu não me machucar, bem no meio de um pequeno e fundo poço de água. Antes do salto, eu não havia analisado as partes inferiores do local, que era onde havia esse poço onde caí. É engraçado, porque no Parkour quando você começa a ganhar um certo nível, começa a só acertar saltos, tudo fica automático, você não pensa mais no erro, na hipótese de errar, e sim no acerto.
Isso pode ser perigoso às vezes, porque esquecemos do risco que determinado movimento oferece, quando devemos estar sempre antenados para esse risco. O fato foi que desvalorizei o salto, meu corpo estava frio, não me concentrei direito, muito menos analisei o risco que ali havia. Enfim, erro humano, uma lição para a vida. Depois o acontecido, fomos todos embora para a casa como o programado, mas o clima era outro no caminho de volta para Brasília.

O clima realmente ficou pesado no caminho de volta para Brasília, meu pai ficou muito afetado com o acontecido, e alguns dias depois pediu para que eu parasse de praticar o Parkour, e então eu comecei a entender o lado dele de pai, então não retruquei. Mas ele sabe que não vou parar com o Parkour tão cedo, porém posso dizer que algo mudou em mim, e creio que com isso minha forma levar o Parkour também mudou. Mas ainda estou descobrindo as características dessa mudança, e para onde vou com o Parkour. Mesmo que eu não tivesse perdido a vida, era muito fácil eu ter me machucado feio em uma situação daquelas. Eu agradeço muito a Deus todos os dias por ter me livrado dessa, por hoje eu ter dois braços e duas pernas saudáveis, um corpo e uma mente saudável, vocês não sabem o quanto hoje sou feliz por ter esse privilégio.Acho que é impossível expor aqui o quão forte foi pra mim essa experiência, mas espero que eu ter relatado isso aqui possa ajudar outras pessoas a não precisarem cometer o mesmo erro que cometi para aprenderem. O erro que cometi foi abusar do Parkour, e é nessas horas que ele te joga no chão(ou na água LOL) e mostra que você não é nada.


Hoje não faço mais parte do grupo de Parkour que fazia, estou tirando algum tempo para refletir, e investir em outras áreas da minha vida, estou treinando menos, porém treinando. Estou sentindo meu corpo mais inteiro por causa disso. Ele andava muito estressado por conta do antigo ritmo de treinos. É maravilhoso sentir novamente o corpo funcionando 100% ou perto disso. Quem treina sabe que quando você está em um alto ritmo de treinos, é difícil manter o corpo inteirão o tempo todo, e a tempos eu não sabia o que era ter essa integridade na minha condição física. Bom, acho que fico por aqui, deixo por ultimo o video da minha queda que o Bi gravou, não mostra tudo, mas da pra ver bem o momento da queda.

Bons treinos a todos e um abraço.