quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

999, 1000 e 1001.

Obs:  Esse post é uma continuação do ''1000+1 mucle-ups(planches)'' postado à alguns dias atrás. Confira aqui

Hoje, apenas três dias passados após o desafio dos 1001 muscle-ups, ainda me sinto como se fosse uma árvore após uma forte tempestade, galhos marcados pela destruição, porém, com a raiz ainda firme e fixa em seu devido lugar. Por vezes até me esqueço, mas é realmente boa a sensação de dever cumprido e até mesmo essas dores que ainda estão bem vivas pela parte superior do meu corpo (principalmente pelos braços).  Realizei minha ultima repetição ás exatas 19h00 quando o dia já se despedia e a noite começava a dar seu ar. No total foram 1001 muscle-ups em uma dezena de horas cravadas. Compartilhar essa experiência com palavras está longe de ser suficiente, longe de ser coerente e bem distante de ser alguma fração de realidade. Mas mesmo assim vou tentar descrever um pouco de como foi minha experiência nessa intensa e dura jornada de 10 horas, e para isso resolvi dividir tudo em partes :


Prévias considerações

Oficialmente o desafio começou as 6h00 do dia 23 de dezembro de 2012. A idéia era imbecil mas bem simples, fazer 1001 planches em no máximo 24 horas. Na noite anterior ao evento, eu fazia compras e preparava uma logística mínima para que pudesse me servir de suporte. Água, bebidas isotônicas, barras de cereais, frutas e pão foram algumas das coisas que priorizei, eu já sabia que não poderia comer nada que fosse muito pesado e ao mesmo tempo teria que ser algo que me desse energia. Esparadrapo e protetores para a mão eu preferi dispensar, mas por uma questão um pouco lógica relacionada ao local que escolhi para o desafio. Antes de dormir eu mudei um pouco meus planos e decidi que não iria começar às 6 horas da manhã e sim às 9 horas para que eu pudesse me sentir bem descansado.

O famoso ‘’galho do planche’’ localizado na 308 sul foi o terreno que elegi para realizar as repetições. Quem o conhece sabe que ele não é fino como uma barra comum além de ter uma textura diferenciada, fatos que não eliminam a possibilidade de calos e bolhas mas a diminui consideravelmente . E por isso resolvi não ter proteção para as mãos. Em contrapartida o plancheiro é obrigado a usar mais os pulsos e adotar uma posição mais enganchada, condição que prejudica ou causa dores em alguns. Particularmente eu sempre gostei de fazer muscle-ups nessas condições, principalmente em galhos de árvore. Além do mais, quando estive pensando nesse evento me dei conta de que eu não poderia faze-lo em um outro lugar que não fosse o nosso querido ‘’galho do planche’’ localizado na 308 sul. É como se a final da Copa do Mundo no Brasil não pudesse ser realizado em outro lugar que não fosse o Maracanã.

 

Depois de uma noite bem dormida, tomei um café da manhã bem básico apenas com algumas frutas e pedaços de pão. Fiz os preparativos finais e sai. Cheguei a 308 sul faltando uns 15 minutos para as 9h00. Para a minha surpresa, por lá já estava o Manoel e sua contagem já estava em 50 ou 70, não me lembro bem. Mas aquilo que me deixou mais feliz foi de saber que eu não estaria sozinho pois originalmente a única pessoa com quem eu estava contando de fazer junto acabou tendo problemas e desistindo alguns dias antes. Essa minha alegria de ver que eu estaria acompanhado se consolidou com a chegada dos demais: Admilton(Picolo), Rodolfo, Leonardo e Milano e Gustavo. Todos eles haviam planejado vir e fazer planches junto comigo, eu só não sabia disso! Pensava que ninguém havia animado muito com a idéia. Bom, sorte a minha, pois tinha consciência de que iria ser mais difícil estando sozinho.

Minha idéia foi tentar manter o mesmo ritmo do meu treinamento nas semanas passadas, 100 planches em 1 hora, 200 em 2 horas, 300 em 3 horas e assim por diante. Dessa forma eu chegaria aos 1000 planches em mais ou menos 10 horas. Mas eu sabia também que iria precisar comer e descansar em alguns momentos. Sendo assim bolei um plano previamente que consistia em fazer 50 repetições em no máximo 30 minutos. Se eu terminasse em mais de meia hora seria um prejuízo, mas se eu terminasse antes eu contaria esse tempo para comer ou descansar. Por exemplo, se eu terminasse os 50 planches em 25 minutos, eu teria 5 minutos para descansar , beber ou comer se eu precisasse. No caso de eu não sentir necessidade de descanso eu apenas continuaria e esse tempo-extra acumularia para ser usado depois. Mesmo com essa idéia eu tentei manter uma média de 2 repetições por minuto, contudo essa idéia não foi seguida a risca em muitos momentos. Optei por fazer séries de duas repetições seguidas, e foi assim do inicio ao fim.

O inicio

Do inicio às 9h00 até a repetição de numero 300 foi relativamente tranquilo. Eu já havia chegado a essa marca na semana anterior então para mim já era um terreno conhecido. Até ali eu não havia comido nada e bebido pouca água. As mãos estavam inteiras e eu não sentia nenhuma dor ou dificuldade para continuar. Já havia se passado 2 horas e 40 minutos desde o primeiro planche e eu havia melhorado meu tempo em 10 minutos em relação a semana passada. Apesar de ter planejado dar uma pausa maior nos 300 eu não vi razões suficientes para isso naquele momento, então decidi fazer essa pausa maior apenas quando chegasse aos 500.

O meio

Dos 300 até os 500 foi uma nova descoberta, confesso de começou a dar um certo trabalho. Eu transpirava mais, começava a sentir fome, a sede vinha com maior frequência e minhas mãos começavam a arder. Nesse meio eu comi umas duas barrinhas de cereal e a água já havia se esvaziado. Terminei os 500 faltando uns 15 minutos para as 14h00, eu estava inteiro, sem nada preocupante nas mãos apesar da ardência. Eu estava com bastante fome e meus braços já mostravam sinais de cansaço. Meus tendões abaixo do bíceps estavam um pouco doloridos, isso me fez lembrar de uma época que tive tendinite crônica nessa parte, mas agora não era uma dor nada comparável as dores daquela época. Já na metade do percurso, tirei um descanso de aproximadamente 25 minutos, foi o tempo suficiente para encher o galãozinho de água, comer um pouco das coisas que eu havia trazido e descansar. Nesse tempo eu só pensava “puts tudo isso que fiz até agora é apenas a metade do caminho, tenho que fazer isso tudo mais uma vez’’. 

Picolo e Leo foram comprar coisas para comer no mercado perto dali, então decidi pedir a eles que trouxessem um esparadrapo. Apesar de minhas mãos estarem com uma leve ardência eu já estava preocupado que isso se transformasse em uma bolha em breve. Então fiz uma proteção nas duas mãos antes de recomeçar. Era 14h10min quando recomecei as séries. Quando cheguei aos 600 resolvi tirar por completo essas proteções pois elas estavam mais me atrapalhando do que ajudando, estava tornando o movimento mais escorregadio. Minhas mãos apesar de arderem não pareciam virar bolhas, então resolvi confiar nisso e seguir.


O fim

Dos 600 até os 1001 é onde considero que houve a verdadeira guerra, principalmente psicológica. Quando faltavam ainda 400 repetições para terminar eu já estava psicologicamente abalado, as dores nos braços se intensificaram e os planches estavam mais pesados apesar de estarem retos. A ardência na mão aumentava gradualmente a cada planche, eu começava a sentir uma moleza e vontade de só ficar parado e descansar. Apesar disso eu mantive o ritmo proposto inicialmente.

Eu não me lembro muito bem em que período os meus amigos haviam parado, mas sei que eles haviam chegado em suas metas. O Leo completou 501 como se estivesse matando um Leão, me lembro de sua guerra interior ao fazer os planches finais. Me lembro também de Picolo que completou 501 de uma forma admirável. O Manoel já havia ido embora, não lembro bem em que numero ele parou mas creio que foi por volta dos 300 ou 400. Tivemos uma surpresa também do nosso ilustre amigo oldschool Thiago Brasil, ele veio e cumpriu sua meta de 100 planches, nos abençoou com sua presença e depois foi embora. Havia por ali também o jovem Gustavo que não lembro bem quantas repetições ele realizou porém creio também que ele chegou em sua meta. O Rodolfo estava com uma lesão em sua mão e por isso resolveu fazer seu desafio em forma de barras normais (pull-up), ele também realizou 501 repetições. Eu fiquei impressionado com todos, pois sei que foram até seus limites e se puxaram de verdade. Fiquei realmente muito feliz por eles.


Quando cheguei a 800, meu corpo já não me pertencia, eu estava simplesmente seguindo, continuando. Eu já não planejava mais quando eu iria beber água ou comer, eu simplesmente o fazia e voltava para as repetições. Me lembro de um momento em que uma das repetições saiu meio torta e com dificuldade, e de Rodolfo ter me olhado com uma cara de preocupação pois até ali todos os planches haviam saído retos e em boa forma.  Eu tentei me manter concentrado para continuar bem.Os planches realmente estavam bem mais pesados, mas eu tinha em mente que eu não poderia deixar meu corpo fraquejar, tinha que manter o nível de explosão mesmo que precisasse descansar um pouco mais entre as séries.

Me recordo também de um momento em que deitei e só quis ficar lá despejado ao chão, eu creio que se ficasse ali não seria muito difícil de esquecer o desafio e só dormir, foi o momento em que Leo veio e deu uma ‘’xaropada’’ comigo. Me dei conta de que não poderia amolecer, pois eu já estava quase na reta final. Faltavam 100 planches e de acordo com meus cálculos e se mantivesse aquele ritmo eu iria terminar às 19h20min, ou seja, depois do tempo previsto. Isso significava que eu estava em prejuízo e precisava correr para ganhar 20min se quisesse cumprir o tempo. Mesmo não me importando mais se iria terminar antes ou depois das 19h00 acho que meu próprio corpo reagiu a essa situação e percebi que eu realmente estava fazendo mais rápido e descansando menos entre as séries. Creio que o fato de eu saber que estava perto do fim e querer terminar logo se confundiu com a vontade de tirar esse atraso em relação ao tempo. O Leo continuou a fazer planches para me acompanhar até o final. Quando faltavam apenas 50 eu procurei ficar mais concentrado e não perder tempo a toa conversando ou bebendo água, senti que o final estava próximo e que meu corpo estava desejando mais do que nunca passar da linha de chegada.


Quanto mais o fim se aproximava, parecia que mais eu ganhava energia e velocidade. Faltavam agora apenas 3 para terminar, eu estava em 998. O objetivo era ir até 1001 e não 1000 ( A ultima repetição é sempre dedicada aos que não puderam estar presente, por isso sempre fazemos 1 a mais). Nesse momento antes do final Rodolfo veio e arriscou um planche mesmo com as mãos lesionadas para coroar aquele final, dito e feito. As ultimas repetições antes do fim vieram potentes, retas e todas as 3 em sequência. É incrível a sensação de ganhar energia quando você acha que não tem mais nada. Ela vem justamente quando você vê que está perto do fim e a vontade de terminar é grande. Eu me lembro de todos terem feito a contagem final em voz alta. Eu olhei para o relógio, eram 19h00 em ponto, um final mágico para aquilo que eu estava esperando. 

Considerações finais

Após terminado, bebi uma quantidade maior de água e fomos todos comer um açaí para festejar e nos alimentar ao mesmo tempo. Me lembro de ter entrado no carro e não ter tido muitas forças nos braços para dirigir, eu o fiz com uma certa dificuldade. Após o Açaí eu só queria estar em casa e dormir. Apesar de ter previsto e planejado muitas coisas eu não previ que não iria conseguir ter uma noite de sono após o evento. Após um bom banho eu simplesmente me deitei sem nenhum tipo de roupa no corpo, coloquei uma boa música e relaxei. A sensação de relaxamento do corpo era inversamente proporcional às dores que eu sentia. Eu já sabia que eu teria que saber me cuidar bem sozinho nesses dias. Foi uma noite bem complicada, eu dormia um pouco, e acordava com as dores latejando pelos braços, e foi assim durante toda a noite. Minha véspera de Natal foi toda na cama, comendo e dormindo. Desde ontem (25 de dezembro) já me sinto consideravelmente bem, como se tivesse feito apenas um treino puxado. Vejo que a recuperação está sendo rápida. Tenho dores musculares aparentemente normais, nada comparado aquela primeira noite de sono após o desafio.


É difícil explicar para as pessoas a razão de eu ter feito isso pois sei que elas não digerem bem quando explico. Mas eu já sou alguém acostumado com isso desde que entrei no mundo do Parkour. Talvez a melhor forma de se entender é criando uma meta muito distante e correndo para cumpri-la, não fiz nada de diferente disso.  As pessoas se espantam quando digo que não ganhei nenhum tipo de prêmio material ou algum reconhecimento concreto fazendo isso, mas fica a certeza de que mesmo havendo tal coisa isso não seria comparado com aquilo que ganhei interiormente, essa sensação de dever cumprido, de estar vivo. Me sinto como um iniciante em seu primeiro planche, exatamente a mesma sensação. Após os 1001 planches eu fiquei com um sentimento de que dava pra continuar e ver até onde meu corpo iria, mas eu já não tinha mais nada para provar a mim mesmo, estava feito e eu já me sentia preenchido por dentro.

Não sei se algum dia farei isso novamente, mas tenho o desejo de sempre estar buscando desafios e vivendo a vida através disso. Agora preciso terminar de recuperar meus corpo e continuar minha jornada pois sei que 2013 promete muitas coisas boas e novos desafios. Em breve, pretendo editar um vídeo que irá resumir como foi esse evento dos 1001 planches. Parabéns a todos os Tracers ou não-Tracers do Brasil todos que saíram de suas casas para tentar 1000  ou outras quantidades de planches. Uma boa passagem de ano a todos, bons treinos !

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Momento Parkour - A falta de Parkour em ''O Senhor Dos Anéis''.

Criei esse blog com a intenção de falar sobre Parkour, mas hoje resolvi entrar um pouco no mundo do cinema. Ontem pela noite, depois de muitos anos, eu estava re-assistindo o filme ''Lord Of The Rings - The Fellowship Of The Ring''e percebi algo curioso. Reparem nas imagens a seguir :



Esse é o momento do filme em que o mago Gandalf destroi a ponte para que um monstro denominado Balrog caisse no abismo. É o momento que ele solta a frase épica ''YOU SHALL NOT PASS''. Mas logo em seguida o filme nos mostra que ao despencar, o Balrog brandiu seu chicote e puxou Gandalf para que ele caisse também. É ai que vem o momento "Falta de Parkour".

Bom, como um bom expectador seria injusto de minha parte reclamar do fato de Gandalf não ter conseguindo climbar (subir) e se salvar, afinal a história original nos conta que ele caiu e lutou contra o monstro para que depois a história pudesse se desenrolar de uma forma bacana, como nós conhecemos.
Mas precisava do diretor cometer um erro bobo desse ?

Nós que treinamos arduamente para subir em muros e escalar paredes sabemos que existem tipos diferentes de muros, e a técnica para subir pode variar de acordo com a formação do muro. O problema é que o filme nos mostra que inicialmente Gandalf se pendura em um muro ''sem pegada'', e logo em seguida esse muro se transforma em um ''com pegada atrás'', tudo em questão de segundos ! Na primeira imagem seria muito mais dificil de Gandalf, o cinzento, conseguir efetuar um ''Climb-up''. Já na segunda imagem, todo praticante de Parkour deve saber bem que seria muito mais facil do Mago conseguir subir e se salvar.

Deduzo que o diretor, Peter Jackson, pode ter encontrado a dificuldade de ter que mostrar a cabeça de Gandalf pois há uma fala nesse momento, antes de ele cair. E estando sempre na posição da primeira imagem acredito que seria muito mais dificil filmar a fala em um bom posicionamento. Bom, se houve de fato esse pensamento, essa solução encontrada acaba se tornando um erro cinematográfico.

Mesmo que provavelmente isso tenha passado despercebido pela maioria das pessoas, tenho certeza que aqueles que se aventuraram alguma vez pelo mundo do Parkour não tem muitas dificuldades para encontrarem erros como esse em produções desse tipo. Apesar de todo preparo e a boa tecnologia de hoje pequenos equivocos ainda podem ser bem comuns, e nesse caso apresentado vejo que faltou um pouco de consciencia corporal aos idealizadores da sequencia .

A cena completa vocês podem conferir AQUI.

Finalizo com um link para um tutorial criado por Sebastian Foucan (O Pantera Negra), um dos fundadores da prática, nos mostrando diferentes formas de agarrar um muro !


Bons treinos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

1000 +1 muscle-ups (planches).


Há alguns anos, vivendo em Londres, fui convidado pelo pessoal da Parkour Generations a participar de um desafio : Fazer  1000 muscles-ups (planches) em um período de 24 horas. Confesso que de cara fiquei super instigado com o desafio e confirmei minha presença sem pensar 2 vezes.  Mas por razão de alguns contra-tempos, acabei desistindo na véspera e passei a carregar essa dívida pessoal desde então. Entretanto, é um débito que já tem data para quitação, dia 23 de dezembro de 2012.


Me lembro até hoje de minha primeira grande série de planches, foram 100 deles, feitas no parque aqui de Brasília em uma manhã de sábado, a uns 7 anos atrás. Eu era um simples iniciante juvenil e ainda batalhava para conseguir fazer 2 planches consecutivos. Mesmo fritanto sob o sol do cerrado, consegui terminar todas as 100 repetições em algumas horas. Me recordo de ter saído como um guerreiro que sobrevive ao campo de batalha, com as mão esfoladas mas com a moral blindada. Hoje, me encontro na missão de ter que fazer 10 vezes a mesma quantia daquele dia, porém em um período de 24 horas. Talvez a única coisa em comum com aquela minha ‘’primeira vez’’ seja o fato de eu também hoje me sentir como iniciante juvenil encarando seu primeiro grande desafio. É aquela mesma sensação de não saber bem o que vem pela frente, mas de saber que será algo grande.


Cofesso eu, não estar em minha melhor forma quando falamos de muscle-ups (planches). Me sinto um pouco distante daquela forma física em que me permitia fazer séries de duas dezenas de planches sem muitos problemas. Era uma época em que fazer um planche reto, sem dobrar muito os braços e levando a barra direto na região genital era quase que uma obrigação para aquilo poder ser chamado de planche. Contudo, hoje me encontro com uma boa condição física sim, os planches saem naturalmente mas talvez sem a mesma explosão de antigamente. Mesmo assim, me dou conta que todos esses anos de treinamento me deram algo que naquela época eu ainda não tinha, a experiência.


Conversando com pessoas que estiveram em Londres naquele dia dos 1000 planches, me lembrei de que a força mental é crucial para completar grandes desafios como esse. Quando penso nisso tenho alguns ‘’flashbacks’’ dos treinamentos duros que já participei, daquelas vozes me dizendo “Keep going Pedro, keep going’’ ou ‘’Aller, aller, aller, ce n’est pas fini’’. Consigo me lembrar bem daquela sensação de achar que não é mais possível continuar, porém, pouco a pouco depois ir descobrindo que é possivel ir muito mais além. É um terreno onde muitos pisam, mas onde apenas os que demonstram a verdadeira força interior conseguem permanecer. E é por esse fato que não estou fazendo  treinamentos super incríveis  para ficar mais forte antes do desafio, pois sei que a batalha maior será dentro da minha cabeça.

Entretanto, tenho me preparado sim, tenho feito séries de 100 e 200 planches. Nesse próximo final de semana faltará apenas uma semana para o desafio e pretendo completar 300 planches em 3 horas. Creio que esse desafio em proporções menores me dará uma noção maior de como será o dia do desafio principal. Antes de fechar esse post quero deixar claro que minha pretensão é de fazer 1000 + 1 planches, o último planche pretendo dedicar a todos os que não puderam participar, os outros 1000 serão para todos os que vão estar guerreando junto comigo, seja lá em qual parte do Brasil. Tenho em mente que isso será algo feito em grupo, e que quando eu pensar em todos os guerreiros que estarão em campo de batalha tenho certeza que isso vai me ajudar a não desistir. Sem mais, bons treinos a todos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma nova etapa

          Hoje quando falamos sobre Parkour, talvez já não pensemos tanto em indivíduos saltando prédios e fazendo coisas super impressionantes como antigamente. Talvez muitos curiosos ou leigos ainda mantém essa imagem em mente. Porém, aqueles que decidem buscar apenas um pouco mais de informação acabam descobrindo sem muito esforço que o Parkour é uma atividade muito ampla, que tem se tornado popular e mais acessível a cada dia que passa. E sem dúvidas, todos aqueles que tem desenvolvido projetos voltados a divulgação da prática, sejam novos ou velhos praticantes, tem grande responsabilidade nessa transformação.


          Já não é mais possível contar nos dedos se formos citar todos os grupos, instituições ou indivíduos que se dedicam ao ensino e a divulgação da prática de forma responsável e profissional. Quando penso nisso tenho até um pouco de arrepios, pois me dou conta de que realmente o Parkour é um fenômeno que se espalhou rapidamente pelos quatro cantos do mundo. Claro que não devemos levar em consideração tudo que vemos por ai, pois como já diria o dito popular “nem tudo que reluz é ouro”, e como um bom trabalho não é feito apenas de boas intenções ainda é possível encontrar muitas pessoas despreparadas quando nos referimos a transmissão do Parkour.



          Apesar dos pesares, vejo com muito bons olhos a maneira de interpretar e transmitir o Parkour de grande parte dos praticantes do cenário atual. Mesmo que se multipliquem os campeonatos de Parkour, mesmo que para alguns o Parkour seja apenas saltar longe ou mesmo que muitos ainda insistam em não se preocupar muito com condicionamento físico, ainda vejo tantos outros que se preocupam e se dedicam para não apenas aprender o Parkour, mas para serem indivíduos fortes, tanto fisicamente quando mentalmente. Vejo uma família crescendo já em proporção global, crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, todos em busca de, auto-conhecimento, força interior, amor. Pude ver e absorver isso de maneira muito forte no tempo em que estive vivendo na França em treinamento junto aos Yamakasi. Toda essa energia de treino, amizade e busca em comum por parte dos praticantes por la é chamado de ‘’Espirit Yamak’’, ou Espirito Yamakasi. 



          Inspirado por toda essa energia benéfica que o Parkour me oferece até hoje, iniciei um projeto aqui em Brasília já faz algumas semanas, onde me dedico a transmitir o Parkour a quem tenha o interesse em descobrir. Bom ou ruim, já sinto o peso da responsabilidade em passar adiante tudo aquilo que aprendi durante todos esses anos de prática e aprendizado. Ao mesmo tempo vejo uma grande oportunidade de compartilhar não só oque sei sobre o Parkour, mas mostrar um pouco de mim a outras pessoas, dando também liberdade para que elas mostrem um pouco delas, possibilitando um crescimento mútuo. Quando observo como tem ido a prática em diversos pontos do mundo, sinto uma nova etapa se iniciando para o Parkour, pois acredito fielmente no trabalho dessa galera que tem mantido acesa a chama, e passado adiante a mensagem de nossa prática .


          Mas é também uma nova etapa para mim e para esse Blog. Tenho planos de estar postando algo por aqui pelo menos uma vez por semana e continuar comentando um pouco sobre minhas novas vivências e observações dentro da prática. Deixo aqui o link de facebook para quem tenha o interesse em conhecer meu novo trabalho com o Parkour em Brasília e também um vídeo no qual me motivou a estar escrevendo esse pensamento . É um trabalho desenvolvido por Laurent Piemontesi, integrante do grupo Yamakasi e praticante por mais de 20 anos, alguém com quem aprendi muito e a quem tenho grande admiração. Até breve e bons treinos.

link 1 - http://www.facebook.com/aulasdeparkourbrasilia
link 2 - http://www.youtube.com/watch?v=uGT0Cpcz7kE&feature=g-all