quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Galhos, folhas, frutos, todos de uma mesma semente.

Cada dia que passa, mais vejo novos praticantes sem noção alguma sobre o surgimento do Parkour, ou melhor, da maneira que essa prática vem ressurgindo em nossa sociedade atual. E muitas dessas são mais interessadas no movimento em si, do que no valor que há por trás do mesmo.

Acho legal que todos nós desse meio do Parkour/Free Running tenhamos uma mente aberta em relação ao desenvolvimento do corpo, ou melhor, uma idéia ampla de movimentação. Afinal das contas, nós, o seres humanos, desde os primórdios já nos movimentávamos, certo? O fato é que nossa sociedade atual passa por uma fase em que as pessoas tendem ao sedentarismo, onde as tarefas estão todas cada vez mais sendo feitas por maquinas. As pessoas se esquecem que precisam ter um corpo saudável, que além de se alimentar bem, precisam se MOVIMENTAR.

Daí então surge a palavra Parkour, que significa Percurso, tem como criador aquele cara chamado David Belle, e todo o resto da história que nós todos praticantes sabemos ou pelo menos deveriamos saber. O problema que vejo, é que percebo que hoje os praticantes se esquecem da importância que Belle, Yamakasi, ou Foucan, tiveram para a expansão dessa filosofia de vida que seguimos hoje. Talvez fosse mesmo preciso ter sido criado um nome ou para essa movimentação que praticamos, e a mídia ter caído em cima para que a coisa tenha se tornado o que se tornou hoje, com milhares de jovens em busca de uma vida mais saudável, com sede de viver.

O que me desagrada é as vezes ver pessoas dessa nova geração de praticantes, ou até mesmo da geração em que Belle ainda era bem reverenciado, ignorarem ou não darem crédito algum a tudo o que ele fez, ou mesmo a praticantes da mesma geração que ele, como o pessoal do Yamakasi, que fizeram tanto quanto Belle por essa prática que seguimos hoje. Muitas vezes já vi e ouvi, não só o pessoal daqui do Brasil, mas de outras partes do mundo, falarem que esses caras já estão velhos e não prestam mais pra muita coisa. As vezes esquecendo que nós todos um dia teremos a idade que eles tem hoje, ou melhor, muitos de nós iremos até mais adiante, 40, 50, 60,70, 80, 90 anos, até mesmo os mais excepcionais da atualidade que os novatos tanto prezam como Ilabaca, Doyle, Oleg, acreditem. E quando isso chegar, como você irá querer ser tratato por praticantes jovens em relação a uma arte e uma filosofia que você segue a tantas décadas?

É difícil acreditar que eu estaria me preocupando tanto com minha saúde como eu me preocupo hoje, se Belle não tivesse um dia tivesse inventado o nome Parkour e divulgado isso a ponto de isso ter sido veiculado no Youtube e chegado a tela do meu pc. É por isso que mais além que admirar todos os movimentos incríveis e inspiradores que ele ou o pessoal do Yamakasi já executaram na vida, eu procuro ter sempre no mínimo um grande respeito por tudo que eles fizeram ou fazem por essa filosofia que nós tanto prezamos hoje, pela semente que eles jogaram.

O Parkour original vai evoluir é claro, ou melhor, já está evoluindo, mas é legal lembrar as vezes que tudo isso teve um inicio, alguém teve coragem e deu a cara a bater, e é preciso respeitar e aprender com quem ta a mais tempo nisso.

5 comentários:

Ícaro Iasbeck disse...

"E muitas dessas são mais interessadas no movimento em si, do que no valor que há por trás do mesmo."

Mermão, falou tudo!

Sinceramente eu fico muito triste quando vejo pessoal treinando só ligando pra movimentação e esquecendo tantos conceitos legais :\

Duddu Rocha disse...

"... e todo o resto da história que nós todos praticantes sabemos ou pelo menos deveriamos saber."

É lamentável o descaso que nós mesmos temos com a informação. Hoje o quadro de disponibilidade dessas informações é gigantescamente maior, só que eu ainda sinto que falta nos novos praticantes aquela sede que existia nos praticantes brasileiros de vanguarda... quando não tinham nada eles buscavam leite de pedra.

Hoje, com tanta informação boa disponivel, ainda somos um berço de praticantes sem noção alguma do que estão fazendo. É lamentável, mas não irreversível.

O imediatismo em busca da movimentação foda e elogiável, ao meu ver, é o que estraga a difusão "correta" do parkour atualmente. Cada dia a coisa toma uma proporção maior (na mídia) e encoraja os jovens a buscar aquilo que ele viu no video ou filme, como parametro.

Com isso, toda a história, todo o passado, legado e muitas vezes a dita filosofia, ganha um segundo plano. Isso quando tem algum espaço.

Mas bola pra frente. Hoje um iniciante me perguntou: "Vou chamar meu primo também, pode? Quanto mais melhor né?" eu respondi: "Pode chamar sim. Mas eu vou ser sincero a você... prefiro 1 que esteja compromissado com o que está fazendo do que 50 que só pensam em brincar de esporte radical."

Mas apesar do tom pesaroso que utilizei, acho que não é momento para desânimo não. Pode crer que o seu esforço e de todos aqueles que buscam um mundo melhor pro parkour é creditado pelas pessoas que realmente dão a prática o seu devido valor.

Bjo

Thiago Lima disse...

Concordo plenamente, meu amigo.

Daniel Carvalho Arquiteto disse...

boa santigas!b
elle e os yamakasis cantam agora:
"respeite quem pode chegar onde a gente chegou ; e a gente chegou muito bem ; sem desmerecer a ninguém..." =]

N. Calimeris disse...

Conheço essa sensação quando chega um aluno e diz: vim aqui para alongar, pode? Pode, né?! Mas, explico que yoga não é alongamento, que tem uma filosofia de 5000 anos por trás. Pensa se acontece isso com yoga... o que dirá do parkour!!! Outra também que o povo me olha com ar de interrogação: gente, vai até o limite, respire porque é a respiração que vai soltar o músculo! Cara... é uma tristeza tão grande. Enfim, bacana teu blog!!! visita o meu tb (embora seja mais bobajento e menos sério): http://www.chocolataveccafe.blogspot.com
bjao
Nana