quarta-feira, 8 de maio de 2013

Não quebre o ritmo


Já faz um semestre que venho tendo a oportunidade de estar ministrando aulas regulares de Parkour aqui em Brasília. Com isso, já posso perceber os avanços, as dificuldades e todo tipo de reação que um iniciante possa ter em seus primeiros passos dentro do Parkour. Para mim, ao longo desses anos de experiência, já não é uma novidade associar a progressão de uma pessoa na disciplina com sua frequência nos treinos. E é interessante observar a reação do iniciante quando ele se depara com essa realidade que é tão presente na arte de se deslocar.

Não foi uma, nem duas, muito menos três; na verdade foram muito mais vezes em que já escutei praticantes dizendo frases nesse sentido : “Nossa, parei de treinar por pouco tempo, mas parece que já estou a 1000 anos parado, estou fraco e mal consigo fazer esse salto que antes era facil’’. Escuto esse tipo de coisa com bastante frequência, na verdade eu mesmo já me deparei com essa sensação nas vezes em que voltei a treinar depois de passar duas ou três semanas ausente da prática.

Uma das primeiras coisas que digo a um iniciante é para que ele não fique muitos dias sem treinar, ou para que ele tente manter certo ritmo de treinos. Na fase inicial é comum termos a sensação de que tudo parece muito difícil ou quase impossível, é como se existisse uma muralha posta entre você e a boa prática do Parkour. De certa forma essa sensação não deixa de ser fiel a realidade se formos considerar que um iniciante deve trabalhar duro para obter uma condição física mínima a fim de desenvolver um Parkour sólido e sem grandes riscos de lesão. Porém, a verdade é que essa muralha que separa o iniciante do bom Parkour é perfeitamente escalável a todos aqueles que se dispõe a tal ação. E um dos segredos está exatamente em não ficar muito tempo longe da prática, pegar todo o aprendizado absorvido e coloca-lo em prática frequentemente.

Desculpe, mas tenho que ser sincero. Não se faz um Parkour consideravelmente sólido apenas com um treino por semana. Constantemente encontro iniciantes que não conseguem sair do 0, dar aquela arrancada, justamente por esperarem demais para voltarem ao campo de ação. Vou dar um exemplo. Imagine um bebê que está aprendendo a caminhar em pé. Agora imagine que para isso ele dispõe apenas de uma sessão de 1 hora por semana para desenvolver sua prática. Como você imagina esse bebê se desenvolvendo no ato de andar? Eu consigo imaginar que ele não irá desenvolver essa habilidade com rapidez ou talvez nunca chegue a desenvolvê-la satisfatoriamente.


A mesma coisa acontece no Parkour. É preciso aprender a caminhar na prática. Um pouco todos os dias. Não importa se você faz ou não aulas de Parkour, se você tem pouco ou muito tempo disponível em sua agenda. Não é difícil encontrar um ritmo de treinos a partir do momento que você se dispõe a sair da zona de conforto. E o mais legal de tudo é que no Parkour não precisamos depender de equipamentos ou lugares específicos. Qualquer ambiente a sua volta pode ser adaptado e utilizado para a realização de treinos, basta usar um pouco de criatividade. Nesse momento você pode ter um verdadeiro playground perto de sua casa e ainda não se deu conta disso. Saia, explore, crie, só não fique parado esperando pela próxima aula ou pela próxima vez em que seus amigos irão marcar um treino .


Acima de tudo, respeite seu corpo, se alimente bem, durma bem. Preze pelo condicionamento físico antes de começar a realizar saltos que envolvam maior impacto. Lembre-se que seu corpo é sua ferramenta de trabalho e que quanto melhor você cuida dela, mais tempo ela poderá durar.