Já faz um semestre que venho tendo a
oportunidade de estar ministrando aulas regulares de Parkour aqui em Brasília.
Com isso, já posso perceber os avanços, as dificuldades e todo tipo de reação
que um iniciante possa ter em seus primeiros passos dentro do Parkour. Para
mim, ao longo desses anos de experiência, já não é uma novidade associar a
progressão de uma pessoa na disciplina com sua frequência nos treinos. E é interessante
observar a reação do iniciante quando ele se depara com essa realidade que é
tão presente na arte de se deslocar.
Não foi uma, nem duas, muito menos três; na
verdade foram muito mais vezes em que já escutei praticantes dizendo frases
nesse sentido : “Nossa, parei de treinar por pouco tempo, mas parece que já
estou a 1000 anos parado, estou fraco e mal consigo fazer esse salto que antes
era facil’’. Escuto esse tipo de coisa com bastante frequência, na verdade eu
mesmo já me deparei com essa sensação nas vezes em que voltei a treinar depois
de passar duas ou três semanas ausente da prática.
Uma das primeiras coisas que digo a um
iniciante é para que ele não fique muitos dias sem treinar, ou para que ele
tente manter certo ritmo de treinos. Na fase inicial é comum termos a sensação
de que tudo parece muito difícil ou quase impossível, é como se existisse uma
muralha posta entre você e a boa prática do Parkour. De certa forma essa
sensação não deixa de ser fiel a realidade se formos considerar que um
iniciante deve trabalhar duro para obter uma condição física mínima a fim de desenvolver
um Parkour sólido e sem grandes riscos de lesão. Porém, a verdade é que essa
muralha que separa o iniciante do bom Parkour é perfeitamente escalável a todos
aqueles que se dispõe a tal ação. E um dos segredos está exatamente em não ficar
muito tempo longe da prática, pegar todo o aprendizado absorvido e coloca-lo em
prática frequentemente.
Desculpe, mas tenho que ser sincero. Não se faz
um Parkour consideravelmente sólido apenas com um treino por semana. Constantemente
encontro iniciantes que não conseguem sair do 0, dar aquela arrancada,
justamente por esperarem demais para voltarem ao campo de ação. Vou dar um
exemplo. Imagine um bebê que está aprendendo a caminhar em pé. Agora imagine
que para isso ele dispõe apenas de uma sessão de 1 hora por semana para
desenvolver sua prática. Como você imagina esse bebê se desenvolvendo no ato de
andar? Eu consigo imaginar que ele não irá desenvolver essa habilidade com
rapidez ou talvez nunca chegue a desenvolvê-la satisfatoriamente.
A mesma coisa acontece no Parkour. É preciso
aprender a caminhar na prática. Um pouco todos os dias. Não importa se você faz
ou não aulas de Parkour, se você tem pouco ou muito tempo disponível em sua
agenda. Não é difícil encontrar um ritmo de treinos a partir do momento que
você se dispõe a sair da zona de conforto. E o mais legal de tudo é que no
Parkour não precisamos depender de equipamentos ou lugares específicos.
Qualquer ambiente a sua volta pode ser adaptado e utilizado para a realização
de treinos, basta usar um pouco de criatividade. Nesse momento você pode ter um
verdadeiro playground perto de sua casa e ainda não se deu conta disso. Saia,
explore, crie, só não fique parado esperando pela próxima aula ou pela próxima
vez em que seus amigos irão marcar um treino .
Acima de tudo, respeite seu corpo, se alimente
bem, durma bem. Preze pelo condicionamento físico antes de começar a realizar
saltos que envolvam maior impacto. Lembre-se que seu corpo é sua ferramenta de
trabalho e que quanto melhor você cuida dela, mais tempo ela poderá durar.